Creches da cidade de Santo André enfrentam diversos problemas com vagas e infraestrutura
- Beatriz Lemos e Natalie Seifer
- 25 de nov. de 2017
- 3 min de leitura
Com a mudança de governo muitas promessas foram feitas, mas pais e funcionários reclamam das alterações que ocorreram durante o ano letivo

Frente da creche Herbert de Souza localizada no Parque Marajoara, Santo André. Foto: Natalie Seifer
Segundo informações oficiais da Prefeitura de Santo André, a cidade conta com 33 creches municipais. Porém, esse ano com a alteração de gestão governamental, vieram algumas mudanças e novas propostas relacionadas a educação pública, como a retomada das obras das creches que tinham sido interrompidas no ano de 2016 por falta de pagamento dos repasses do município. O novo prefeito da cidade, Paulo Serra, já iniciou as reformas nas creches do Jardim Santo André e do Jardim Rina, além da reinauguração da creche Cata Preta, que fica na Vila João Ramalho. Até o final de seu mandato, em 2020, a meta é de reabrir 10 creches que promoverão a liberação de 3,5 mil vagas para as crianças que estão na fila. Hoje são atendidas 8 mil crianças nas unidades operantes.
Mas para a coordenadora da unidade Cata Preta na Vila João Ramalho - cuja foi bloqueada pela Prefeitura por falta de verba- Sueli Ferrero Gonçalves, 61 anos, essa liberação de vagas não estará ocorrendo de forma sadia. Ela conta que a Prefeitura não está preocupado com o bem-estar social das crianças, apenas com os feitos que podem ser realizados nos próximos anos, segundo ela a secretaria quer aumentar os números de vagas do estabelecimento, mas para isso acontecer necessitaria de uma nova construção. “A Prefeitura acha que isso é inviável e a outra solução seria tirar o período integral e atender apenas o meio período para dobrar o número de alunos.”
As creches também sofrem com a infraestrutura, de acordo com a Sueli é muito burocrático e rígido para conseguir uma reforma nas creches, cada creche da cidade tem direito a uma pequena verba que os deixa presos a pequenos ajustes, como trocar uma lambada ou arrumar uma porta. Para conseguir uma grande manutenção, como pintura ou trocar móveis, é preciso buscar recurso em empresas ou no fundo municipal, mas a disputa para isso é grande – “São muitas creches querendo reformar, então isso faz com que a concorrência seja muito grande, tirando a questão burocrática que é bem complicada”.
Os problemas não ficam por conta só da infraestrutura das creches, mas fora delas, como é o caso da Iara Maria Silva, 19 anos, mãe da Emilly Isadora da Silva e do Gabriel da Silva Rodrigues de três e um anos, que conta que diversos pais tem problemas com a locomoção dos alunos na creche Hebert de Souza que está localizada no Parque Marajoara -“Eu acho que falta um transporte escolar para as crianças, muitas mães não têm condições de buscar seus filhos no horário porque trabalham ou moram longe da creche.” Já a Luciana Crespo, 37 anos, mãe da aluna Laís Zavanella, três anos, acha que o governo poderia investir na segurança noturna da creche por ela ter sido invadida diversas vezes durante à noite.
De acordo com a coordenadora da creche Cata Preta, Sueli, por não existirem vagas suficientes para a grande demanda de alunos, a disputa é concorrida e existem dois jeitos para conseguir se matricular, o primeiro é por meio das inscrições que ocorrem no fim do ano, com a preferência de alunos em maior vulnerabilidade, famílias com baixa renda e Bolsa Família, mães que trabalham, ou que são obrigadas a levar a criança para o serviço, depois do período de inscrição, uma assistente social visita cada família e faz a seleção de alunos dentro dos critérios exigidos. O segundo modo é por liminar, uma ordem judicial temporária para conseguir uma vaga definitiva.
Conseguir uma liminar não é garantia de conseguir uma vaga, Thais Sanches, 29 anos, conta que conseguiu matricular na creche sua filha Julia Sanches, dois anos, por meio da liminar, e após alguns dias de aula, a diretora comunicou que ela tinha perdido a vaga por uma decisão da nova gestão da Prefeitura o principal motivo foi pelo prefeito e o vereador estarem priorizado famílias que têm direito ao Bolsa Família. “Eu fui na defensoria e entrei com liminar de novo para conseguir a vaga dela e ai com esse governo, eles não estão deixando, as liminares estão demorando para sair.” Conta Thaís.
Além de enfrentar problemas com a filha mais nova, ela também tem dificuldades relacionadas ao filho mais velho Guilherme Sanches de quatro anos, que está concluindo o período de creche e indo para o EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil), na gestão passada os pais poderiam escolher para qual das unidades a criança seria transferida se houvesse vaga, porém esse ano com as mudanças, é a escola que decide para onde o aluno irá e a que escolheram para Guilherme é muito longe de onde eles moram, sendo assim, inviável.
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